Especial para o Jornal da Paraíba
Por Tiago Germano13/09/2014
Na quinta-feira, o JORNAL DA PARAÍBA assistiu à montagem de Velhos Caem
do Céu Como Canivetes, espetáculo da Pequena Companhia de Teatro, de São Luís
do Maranhão. O espetáculo tem direção de Marcelo Flecha e é livremente adaptado
do conto ‘Um senhor muito velho com umas asas enormes’, de Gabriel García
Márquez, escritor que morreu no mês de abril.
Na peça, um misterioso Ser Alado cai no quintal de um Ser Humano, um
catador de lixo que se instrui lendo os livros que encontra entre os resíduos
deixados pelas outras pessoas. Impressiona a atuação de Jorge Choairy e
sobretudo de Cláudio Marconcine, que se transfigura no papel deste Ser Humano,
um homem que abandona as artes plásticas e vive na miséria, cercado pelas
invenções engenhosamente inúteis que passa a produzir.
O desempenho corporal dos atores é fruto de uma metodologia desenvolvida
pelo grupo chamada de Quadro de Antagônicos, no qual a oposição física entre os
atores vai definindo, lendo e regendo as partituras físicas de cada um. O
cenário, produzido artesanalmente, pelos próprios integrantes da companhia, é
dominado por uma torre erguida no centro por latinhas do Guaraná Jesus.
Astier Basílio
Especial para o Correio da Paraíba
13/09/2014
Um ser humano confinado em um lugar ermo, revirando o lixo. Despenca em seu
quintal um ser alado. É em torno deste episódio, e de seus desdobramentos, que
se desenvolve o espetáculo Velhos Caem do Céu como Canivetes, montagem da
Pequena Companhia de Teatro, do Maranhão, apresentada quinta no Festival Nordestino
de Teatro, em Guaramiranga. No cenário, uma imensa torre composta por latinhas
de guaraná Jesus foi um dos pontos de discussão entre os debatedores. “Eu não
consigo ver o lixo aí tal o nível de organização da cena”, pontuou Makários
Maia, encenador do Rio Grande do Norte e convidado como debatedor do evento. Numa
discussão filosófica, o ser humano e o ser alado falam sobre fé. “Você não
coloca a dúvida em cena, mas a descrença”, avaliou Makários. “É um espetáculo
de perspectiva niilista”, observou Wilson Coelho, tradutor, diretor e
dramaturgo do Espírito Santo, também integrante da banca de debatedores. Além
do embate sobre a existência, numa encenação que conciliou tanto o corpo dos
atores, trazendo-os dilatados, a montagem, numa composição repleta de objetos que
mais parecem instalações, assume uma exuberância e a linguagem também é
evidenciada como falência da comunicação – a torre de latinhas é evocada como um
símbolo da Torre de Babel, de onde decorreu o castigo divino na multiplicação das
línguas para impossibilitar, pela incomunicação, a chegada dos humanos aos
céus.
Um comentário:
Delícia dever ter sido participar disso...Pano pra manga! Preciso ver!!!!
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